Aqui neste vídeo temos Andrés Segovia em concerto tocando o Estudo nº 1.
Heitor Villa-Lobos dedicou os seus doze estudos para violão a Andrés Segovia em 1929. Segundo o próprio Villa-Lobos Andrés Segovia havia encomendado a ele apenas um estudo. Mas pela amizade que nascera entre os dois Villa não compôs somente um, mas doze! No entanto, segundo uma divertida história contada pelo próprio Villa, Segovia disse a ele que suas obras eram anti violonísticas e impossíveis de tocar! No saguão de um hotel, furioso, Villa-Lobos tomou o violão das mãos do mestre espanhol e mostrou a ele como se deveria fazer!
Os famosos estudos foram de fato considerados por muitos anos as peças mais difíceis escritas para violão solo. Não são apenas estudos técnicos mas são incríveis obras de concerto, muito musicais e realmente de difícil execução.
Transcrevo abaixo minha tradução livre do antológico prefácio escrito pelo próprio Segovia para a edição dos doze estudos pela Max Eschig em 1953:
“Aqui estão doze “Études” escritos com amor para o violão pelo genial compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos. Eles contém ao mesmo tempo fórmulas de surpreendente eficácia para o desenvolvimento da técnica de ambas as mãos e belezas musicais “despretensiosas”, sem propósito didático, as quais possuem o valor estético permanente de obras de concerto.
Na história do instrumento existem poucos mestres compositores que têm conseguido combinar ambas virtudes em seus estudos. Os nomes Scarlatti e Chopin vêm imediatamente ao pensamento. Ambos preencheram seus propósitos didáticos sem o menor indício de aridez ou monotonia; e se o pianista diligente observar com gratidão a viabilidade, vigor e independência que esses estudos trazem aos dedos, a alma artística que os toca ou os ouve admira a nobreza, a ingenuidade e a emoção poética que respira tão generosamente através deles. Villa-Lobos deu à história do violão frutos do seu talento tão exuberantes e saborosos como aqueles de Scarlatti e Chopin.
Eu não desejei alterar nenhum dos dedilhados que o próprio Villa-Lobos indicou para e performance dessas peças. Ele compreendeu o violão perfeitamente, e se ele escolheu uma determinada corda ou digitação para dar efeito à fraseados particulares, nós temos a estrita obrigação de observar o seu desejo, ainda que seja ao custo de grande esforço técnico.
Eu não desejaria concluir esta breve nota sem agradecer publicamente o ilustre Maestro pela honra que ele me conferiu ao dedicar estes estudos a mim.”
Andrés SEGOVIA
Nova Iorque, Janeiro de 1953